sábado, 29 de novembro de 2014

Nem tudo é o que parece #8

Meu filho, Thomas, estava bastante entusiasmado para entrar em um grupo teatral, e o matriculei em uma escola de artes cênicas para crianças de 8 à 11 anos. Eu parecia mais animada do que ele, em certos momentos, até que chegou o grande dia do primeiro ensaio. O professor comportava-se de maneira meio extravagante e, por vezes, demonstrando certo interesse em mim, mas isto não vêm ao caso.

Nesse primeiro dia, o apresentei meu filho, que também o achou estranho pelo modo como se vestia: uma máscara branca, um olhar meio triste e um sorriso curto, mas de um aspecto aterrador.

- Mamãe, me deseje boa sorte. Quero que se orgulhe de mim. - disse Thomas, antes de entrar no palco.

- Sim filho, boa sorte. Vou ficar torcendo por você. Se já estou nervosa assim por um único ensaio, imagine na sua primeira peça. - disse eu, contagiada pela empolgação do meu filho.

O professor o conduziu até o local de ensaio, mas antes se virou para mim e me dizer algo.

- Seu filho nunca mais será o mesmo quando terminamos. Um futuro brilhante ator sairá desta porta.

- Assim espero. - disse eu, assentindo positivamente com a cabeça.

Fiquei esperando sentada em uma cadeira, próxima à porta. Nesse período, ouvi muitas risadas de crianças, até gritos meio tímidos, e senti um forte cheiro de fumaça, além de ruídos muito estranhos.
"O que está havendo ali, afinal?", pensei comigo mesma. No final, todas as crianças saíram caladas e com posturas completamente iguais em direção aos seus pais, o que era atípico, deveriam estar eufóricas.

Thomas foi o último a sair. Da mesma forma como saíram as outras, ele também veio à mim de maneira que eu desconhecia. Assim como as outras crianças, estava com o rosto pintado de branco e a boca pintada de vermelho.

- E então Thomas, se divertiu bastante?

Foi então que ele se virou pra mim e me respondeu, com uma voz distorcida e não-humana:

- Quem é Thomas? 


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