sexta-feira, 5 de junho de 2015

A Porta - Parte 2

A noite chega e Joseph se encontra na mesma posição que estava ao descer de seu quarto, assustado, sentado no sofá. O dia todo foi sem incidente, a porta não deu nenhum sinal de vida. Será que foi imaginação?
Ele decide dormir na sala. Mal seus olhos se fecham a porta começa com as batidas frenéticas novamente. E isso se repete toda vez que tentava dormir. Há um dia sem dormir Joseph começa a se sentir bastante cansado. De manhã bem cedo, portando uma faca ele vai de encontro à porta.
A aparência de uma simples porta de madeira agora, para ele, parecia os portões do inferno. Joseph esquecerá totalmente seu livro, sua obsessão agora estava na porta. Ele afasta todos os móveis do quarto e senta de frente a porta, tentando estudar cada detalhe. A porta aparenta está adormecida, nenhuma batida, nenhuma coisa estranha. Aos poucos os olhos de Joseph começam a pesar. As noites mal dormidas vieram cobrar seu preço. Antes que ele se entregue ao sono algo inesperado acontece. A porta se abre.
Tendo a curiosidade maior que o medo, ele entra. Usando seu celular como lanterna, ele tenta ao máximo iluminar o espaço escuro dentro da porta, o que não adianta nada. Ele caminha por dentro do espaço revelado pela porta. Ele não vê nada, não sente nada. Aos poucos o espaço escuro vai se fechando contra ele, e Joseph não consegue sequer dar mais um passo.
Ele está preso em um corredor escuro. A claustrofobia começa a tirar ar de seus pulmões, desesperado ele corre de volta, deixando seu celular cair. Ao voltar para o quarto a porta se fecha atrás dele. Como era possível ter tanto espaço assim atrás daquela porta?
Os dias se passam e Joseph se encontra sentado em frente à porta. Ela não bate, ela não se abre. Desde a última vez parece que ela se foi. Deixando Joseph angustiado por falta de respostas. A aparência do escritor está destruída, uma barba grande e mal feita se forma, há dias não toma banho, não dorme, não se alimenta. Tudo que necessita é da porta. Ela só precisa se abrir mais uma vez.
Ao seu lado um homem alto e bem vestido se senta.
– Você está ficando louco Joseph - argumenta o homem.
– Você não deveria está aqui, volte para onde veio. – fala Joseph sem tirar os olhos da porta.
– Tenho que terminar o livro, preciso saber o meu fim, todos nós precisamos de um fim.
– Um dia eu termino, mas antes preciso entrar na porta. – responde Joseph com olhar distante.
– Não, eu vou tirar você dessa loucura. Não é justo você me deixar sem final!- fala o homem aos gritos.
O homem se levanta e força Joseph a se levantar o puxando pelo braço. Joseph grita e pegando sua faca ele o perfura no pescoço. O homem cai no chão sangrando e manchando todo o quarto de sangue. Joseph pula em cima do homem e o esfaqueando em vários locais grita: ” você não pode me impedir de descobrir o que tem na porta, eu sou seu criador seu insolente”. Os braços do escritor param cansados e ele cai ao lado de sua criação esfaqueada. Joseph abraça o morto e começa a chorar.
O escritor deitado ao chão manchado de sangue percebe o quão faminto está. Usando a faca ele começa a cortar a carne de sua vítima, e a come. O sangue desce por sua boca o manchando. Ele desfruta a carne como um lobo desfruta a caça. Ele escuta a maçaneta da porta girar, ele corre e abraça a porta clamando para que ela se abra novamente. Nada acontece. Mas ele fica feliz a porta voltou.
No outro dia Joseph escuta alguém batendo na porta da sala e chamando seu nome. Ele sai de sua adoração à porta, pega a faca a esconde em seu bolso e vai atender a porta. Ao abrir a porta ele vê um guarda e uma mulher. O guarda ele nunca viu na vida, a mulher era sua ex - esposa. Ambos se assustam com a figura decadente do escritor. Seus olhos eram fundos, resultado de tantas noites sem dormir. Estava magro e com cabelos e barba espessa. Estava fedendo e suas roupas eram gastas.
O guarda e katherine, sua ex - esposa entram na cabana. Ele ouve de Katherine que a dias não tem notícias dele. Que seu celular está fora de área. E que faz dois meses que ninguém sabia por onde andava. O guarda o interroga faz perguntas sobre o que aconteceu com ele. Joseph aparenta estar distante. Não responde a nenhuma das perguntas.
Katherine chora e perde perdão por tê-lo deixado. O guarda sente um cheiro podre vindo do andar de cima e saca sua arma, e vai em direção as escadas. Joseph acorda de seu transe habitual e corre em direção ao guarda grunhindo como um animal. Pega a faca de seu bolso e perfura o peito do guarda.
O guarda dispara, acertando a barriga de Joseph, o tiro não o impede. Em cima do guarda o escritor o esfaqueia várias vezes. Katherine grita e corre em direção à saída. Joseph corre e pula em sua ex - esposa. Começa a enforcá-la: ”ninguém pode vê a porta ela é minha’”, fala o escritor totalmente fora de si. A porta desperta começa a bater freneticamente, batidas fortes e altas. Joseph para de enforcar Katherine que já estava quase desmaiando. Abrindo um sorriso largo e chorando o escritor corre subindo as escadas.
Joseph vê a porta aberta, ele mal pode acreditar nisso. O ferimento de bala em sua barriga para de doer e ele se arrasta sangrando muito em direção à porta. Ele entra. Katherine escuta uma porta se fechar com estrondo vindo do andar de cima, levanta-se e vê no chão o guarda com uma faca cravada no peito e um rastro de sangue que leva ao andar de cima.
Pega o revólver do guarda e sobe as escadas. Ela tremia de medo, mas precisava fazer isso. Ao chegar ao quarto ela vê ratos mortos espalhados pelo chão uns só pela metade e outros estavam mordidos em várias partes. Ela vê o rastro de sangue de Joseph indo até uma porta velha de madeira e maçaneta de bronze fechada. Lentamente a porta se abre, e ela vê a escuridão.

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