sábado, 29 de novembro de 2014

Nem tudo é o que parece #10

Durante boa parte da minha infância morei em um vilarejo não muito pobre, mas isso é um detalhe irrelevante. Mas o que mais me atormentava nem eram as brincadeiras de mal gosto dos meus colegas de classe, mas sim algo estranho que ocorria todas as noites de sexta-feira. Ligava a luz do abajur toda vez que ouvia vozes ecoando em uníssono. Parecia ser uma oração, logo na primeira vez pensei ter sido uma procissão de alguma santa ou santo.

Até que isso se tornou inválido quando, depois de 3 semanas, passei a tentar investigar isso com meus próprios olhos. Minha casa ficava perto de um barranco, e mais abaixo, numa outra vila, pude ver uma multidão. Eles (todos eles) seguravam velas e vestiam mortalhas pretas. Não entendia uma palavra sequer do que diziam, e, pra ser sincera, aquilo me causava arrepios. No dia em questão, fechei rápido a janela e a tranquei. As consequências disso tudo foram muitas noites mal dormidas e algumas crises de pânico.

Alguns amigos meus, após eu contar a eles o que tinha visto, me mostraram algumas fotos de um baú que encontramos na biblioteca do colégio. Nas fotos, havia a mesma multidão que eu havia visto muitas semanas antes, e aparentavam estar com as mesmas vestes. Algumas das fotos datavam de 1972, 1985 e 1990, e a lenda dizia que não se sabia de onde vinham e nem pra onde iam.

Nenhum de nós chegou a uma conclusão e o que mais queria era ignorar isso. Isso durou muito pouco, quando em certa noite... acordei assustada e em pé! Estava no meio daquela multidão aterradora e ouvindo aquele canto sinistro. Um deles parou e se virou pra mim e só o que vi foi... um ser vazio por debaixo daquela mortalha... somente a escuridão... somente a escuridão... 

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